No mundo inteiro, novos padrões e tendências surgem como resultado do surto do coronavírus. No final de março, mais de 3,38 bilhões de pessoas (aproximadamente, 43% da população global) foram instruídas ou impostas a cumprirem medidas de distanciamento social.1
O distanciamento social criou um novo normal. Na cidade de São Paulo, atual epicentro da pandemia da COVID-19 no Brasil, a Avenida Paulista está quase vazia e as ruas estão assustadoramente quietas. Em Barcelona, a sempre agitada avenida Las Ramblas está deserta. O mesmo pode ser dito da Champs-Élysées em Paris, da famosa escadaria da Piazza di Spagna em Roma e do Central Business District em Singapura.
Com escritórios em todo o mundo, a Criteo tem visto os efeitos do distanciamento social. Como analisamos as tendências de consumo em tempos de coronavírus, trabalhamos estreitamente com empresas de todos os setores que foram afetadas por essas mudanças.
Na semana passada, relatamos como a disseminação do coronavírus mudou o cenário de vendas de eletrônicos, produtos para pets e alimentos frescos de supermercado. Nesta semana, mergulhamos em nossos dados novamente para ver como a economia de distanciamento social vem influenciando o que e como as pessoas compram.
Distanciamento social e o novo normal
Estratégias preventivas, como restrições de viagens e o cancelamento em massa de reuniões presenciais e eventos públicos, incluindo casamentos, jogos e shows ao vivo, expandiram-se nas últimas semanas. O distanciamento social ou, mais precisamente, o distanciamento físico (pois a socialização ainda acontece online), agora é a norma. Ele deu origem ao que chamamos de “economia de distanciamento social”.
Aqui na Criteo, analisamos dados de mais de 80 países, de 2 bilhões consumidores ativos que vemos por mês, em parceria com 20.000 varejistas.2 Fornecemos insights fundamentados em dados para ajudar as empresas a investirem no que está funcionando neste momento, quando se trata de impactar clientes e criar campanhas realmente relevantes para as necessidades de hoje.
Afinal de contas, o coronavírus afetou os negócios como um todo. Alguns setores encontram-se totalmente paralisados, enquanto outros enfrentam altos e baixos significativos.
Vamos recuar um pouco no tempo para entender por quê.
COVID-19 leva vendas de varejo do offline para o online
A Akamai, uma empresa de serviços da web, relatou recentemente que houve um aumento de 50% no tráfego diário da internet. Uma pesquisa recente da Criteo, com mais de 10.000 pessoas, mostrou que, globalmente, metade dos consumidores diz que comprará mais online em razão do coronavírus.3 No Brasil, 68% dos brasileiros pretende fazer mais compras online.
No Brasil, ainda nessa pesquisa, os consumidores pretendem comprar mais produtos de beleza e higiene pessoal (62%), supermercado (68%) e livros, música e filmes (52%), o que indica que, apesar do fechamento de lojas, as pessoas ainda estão comprando (e não apenas alimentos e papel higiênico).
Veja o que vimos na semana passada:
1. As vendas de alimentos subiram
Desde o começo da quarentena vimos que as vendas de pães, doces e chocolatessubiram, mas também enxergamos um crescimento em alimentos como frutas, vegetais, alimentos não perecíveis, café e outros itens.
Pudemos enxergar um aumento intenso nas compras de pães e doces (+222%), de guloseimas e chocolate (+213%), frutas e vegetais (+72%), entre outros.
2. Compras de roupas casuais aumentam
Na pesquisa recente da Criteo, pudemos observar um aumento exponencial nas compras de roupas casuais, em geral.
No Brasil, as roupas de dormir e roupas de cama lideram a pesquisa com um aumento de 126%. Em seguida, pudemos observar um aumento de 63% nas compras de agasalhos. Outros produtos que também obtiveram um aumento no número de compras foram roupas de bebê (+39%), roupas íntimas e meias (+33%), e cintos (+25%).
3. Webcams e games decolam
Para combater a sensação de isolamento e tédio decorrente do distanciamento social, os consumidores estão comprando produtos para manterem-se conectados e entretidos.
As vendas de webcams cresceram mais de 437%,
enquanto as vendas de softwares para videogames cresceram mais de 164%.
Outros produtos relacionados a essas categorias também vem obtendo um forte crescimento, como por exemplo tripés e monopés (+164%), acessórios para câmera e ótica (+112%), e impressoras 3D (+102%).
4. Artigos esportivos
Muitas academias de ginástica fecharam temporariamente seguindo as medidas de distanciamento social. Mas os consumidores não querem se descuidar de jeito nenhum e já dão um jeito de manter-se em forma sem sair de casa, ou sem ir muito longe.
A demanda de produtos para as categorias de “Exercise Bands” (+700%), Yoga & Pilates (+532%) e Exercício & Fitness (+451%) são as categorias líderes em aumento de compras nas últimas semanas.
A demanda de equipamentos e acessórios para levantamento de peso cresceu substancialmente
5. Produtos de higiene pessoal
No Brasil, também foi possível observar um crescimento considerável no número de compras de produtos de higiene pessoal e auto cuidado.
O número de cotonetes teve um aumento de +254%, enquanto os produtos de cuidados respiratórios e suprimentos sanitários femininos tiveram um aumento de +166% e +160%, respectivamente, entre outros produtos que vem tendo maior procura nas últimas semanas.
Como as marcas devem pensar o distanciamento social
Na nova economia de distanciamento social, observamos que os consumidores gastam mais em produtos que são menos essenciais e em produtos relacionados à qualidade de vida. Como mostram nossos dados, as pessoas estão se acostumando a ficar mais em casa e adaptando seus hábitos aos novos tempos. Os consumidores já entenderam que esse estado de isolamento poderá prolongar-se e, por isso, procuram produtos que possam ajudá-los em termos de conforto e diversão.
O distanciamento social mudou como as pessoas interagem entre si e com as empresas. Como profissionais de marketing, é importante reconhecermos essas novas realidades e adaptarmos nossas campanhas à presente situação global.
1. Crie criativos relevantes.
É importante estar presente na vida de seus clientes. Pense em como suas ofertas fazem sentido neste momento. Anúncios que mostram multidões ou atividades ao ar livre devem ser substituídos por fotos e produtos associados à vida dentro de casa.
2. Foque em produtos relacionados ao distanciamento social.
Quais produtos complementam uma rotina de distanciamento social? No atual cenário de rotina dentro de casa e com a família 24 horas, pense em produtos que possam criar uma experiência na economia de distanciamento social.
3. Receba insights regulares.
Tenha acesso a insights pelo menos semanalmente. Isso pode ajudar você não apenas a adaptar-se à situação à medida que ela evolui, mas também a entender quando as coisas começarem a voltar ao normal.
4. Construa relacionamentos.
Com a mensagem e o branding certos, as marcas podem construir relacionamentos com clientes que poderão gerar fidelização. Em uma pesquisa recente, 42% dos consumidores disseram que tudo bem falar do coronavírus em anúncios. Praticamente metade (44%) disse que tudo depende da mensagem e/ou da marca. Três quartos dos consumidores disseram que as marcas têm uma responsabilidade social em meio à pandemia. Os anúncios que mais repercurtiram foram aqueles focados em resiliência e união.
A jornada continua
Todos os profissionais de marketing devem considerar as realidades da economia de distanciamento social. À medida que analisamos dados de como os consumidores estão mudando seus hábitos de compras, vemos algumas áreas de crescimento que refletem o novo normal. Com campanhas personalizadas, que ajudam as pessoas a encontrarem o que precisam neste momento, os profissionais de marketing podem conectar-se às suas audiências construindo relacionamentos mais fortes para o futuro.
1Fonte: AFP Database, 29 de março de 2020
2Fonte: Vendas e reservas online, Dados da Criteo, 1º Trimestre de 2019 e 1º Trimestre de 2020. Pelo menos cinco varejistas/players de viagem em nível mais granulado.
Fonte: Criteo Coronavirus Survey, Global, março de 2020, N=10.204.