No post anterior, demos um panorama de como se comportou e as tendências para o e-commerce nas Américas durante o período de isolamento imposto pela COVID-19. Agora, neste post, vamos abordar com mais detalhes como se comportou no mesmo período e o que podemos esperar do mercado de e-commerce no Brasil nas próximas semanas.
Por aqui, as imposições de restrição de movimento e isolamento social começaram por volta de final de Março. Portanto, o impacto das vendas online e offline já começaram a ser sentidos nos números consolidados de Abril. Segundo o índice MCC-ENET, desenvolvido pelo Comitê de Métricas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) em parceria com o Movimento Compre & Confie, as vendas dos e-commerces brasileiros no mês de Abril dobraram em relação a Abril do ano passado, representando uma alta de quase 40% em relação ao mês anterior, Março de 2020. Esta alta representou um aumento também do faturamento dos negócios online superando os 80%.
As medidas de isolamento social promoveram uma mudança rápida e radical nos hábitos das pessoas, o que afetou também os comportamentos de compra e, com o fechamento dos comércios físicos, as lojas online acabaram por receber grande parte do tráfego e da demanda comercial. A imposição do home office fez crescer as vendas especialmente dos materiais de escritório, informática e comunicação cuja variação foi de mais de 40% em relação a Março. Eletrodomésticos e móveis puxaram para cima a variação com aumento de quase 25%. Já as categorias de menor crescimento no período foram, quase 3%, as vendas de hipermercados, supermercados, bebida e fumo.
O estudo ainda mostra que mais de 12% dos internautas brasileiros realizaram pelo menos uma compra online no trimestre, o que representou um aumento de vendas de quase 105% na região Sudeste, quase 100% no Nordeste e Centro-Oeste, pouco menos de 80% na região Sul e pouco mais de 65% na região Norte.
A migração das compras no mercado físico para o mercado online já era esperada e os números confirmaram esta hipótese. Mas como se comportaram as vendas nos meses subsequentes? O cenário brasileiro foi de muita confusão em relação à adesão ao isolamento social, o que dificultava as análises para o mês de Maio. Segundo o monitor de isolamento social do jornal Estado de São Paulo, uma das contribuições da ciência de dados para o enfrentamento da pandemia que descrevemos aqui, o pico de isolamento social foi entre o final de Março e o final de Abril, quando mais da metade da população nacional aderiu a ele. A partir do início de Maio, algumas medidas de flexibilização foram implementadas e o isolamento caiu para pouco mais de 40% da população.
Este comportamento se refletiu nas vendas online. Com mais gente saindo de casa, maior a probabilidade de realizarem suas compras novamente nos comércios físicos. A Criteo vem monitorando o comércio eletrônico no Brasil e publicando informações importantes no site do Painel de Impacto do Coronavírus. Lá, focamos em algumas categorias específicas, mas que movimentam grande parte das vendas totais do setor.
Segundo nosso Painel, o mês de Maio, foi um mês que ainda viu algum crescimento nas vendas nos primeiros dez dias e alguma retração, como uma ressaca do grande crescimento anterior, a partir da segunda semana. Das categorias observadas (Roupas, Eletrônicos, Produtos de Supermercado, Móveis, Artigos Esportivos, Casa e Jardim e Produtos para Pets), o viés de queda é forte em praticamente todos os produtos, com as devidas exceções dos produtos sazonais de inverno como aquecedores de ambiente, roupões, cachecóis, pijamas, cobertores. Ainda assim, os volumes continuam, de forma geral, acima dos apurados em Março.
Por outro lado, algumas categorias permanecem em patamares altos de venda e conseguiram sustentar o alto volume de negócios alcançado com o crescimento pós-Março. É o que mostra a pesquisa Coronavirus Impact, também da Criteo. Nessa pesquisa, cujo objetivo é dar um panorama do comércio eletrônico nas Américas, com um capítulo dedicado exclusivamente ao Brasil, foram analisados dados originários de mais de 80 países, consolidando o comportamento de dois bilhões de usuários que movimentaram mais de US$ 900 bilhões anualmente em aproximadamente 20 mil e-commerces do planeta.
Segundo esta pesquisa, as categorias de artigos de luxo, softwares e alguns brinquedos como quebra-cabeças, tendas e massinhas de modelar não sofreram a queda do final de Maio identificada no estudo e que afetou as outras categorias analisadas acima, mantendo vendas em Maio cerca de 80% acima do volume apurado no mesmo período de 2019. Instrumentos musicais – eletrônicos e de corda – câmeras, café e bebidas alcoólicas, cadeiras de escritório também experimentaram uma alta constante ou inverteram seus vieses de queda no final do mês.
Fica claro pela análise desses dados que a mudança drástica no comportamento social, especialmente o efeito das quarentenas e isolamento causados pelas recomendações de combate ao coronavírus, geraram um efeito positivo no comércio eletrônico no Brasil. Por outro lado, na medida em que a aderência ao isolamento cai, as vendas dos e-commerces também sofrem queda, uma vez que as pessoas voltam aos seus hábitos de consumo offline.
Estamos acompanhando de perto todas as mudanças que vêm ocorrendo no Brasil e no mundo para que você possa tomar as melhores decisões em relação ao seu negócio online. Fique atento a esse espaço e acompanhe nossas postagens. Se quiser saber mais sobre os cenários das várias categorias que acompanhamos e conhecer nossas soluções para a sua empresa, não deixe de entrar em contato.