A vida de muitos consumidores mudou da noite para o dia quando os países impuseram decretos de lockdown para deter a disseminação do coronavírus.
Não apenas os consumidores foram orientados a ficar em casa o máximo possível, mas também restaurantes, bares, academias de ginástica, lojas e outros estabelecimentos não essenciais foram temporariamente fechados. Muitas pessoas começaram a trabalhar e estudar de casa pela internet. Planos de viagens, eventos e reuniões em família e com amigos foram cancelados ou adiados.
Durante todo esse tempo, o online virou hábito.
Agora, já ocorre a flexibilização das medidas restritivas em países onde os casos de coronavírus vêm caindo. Os consumidores podem retornar às lojas e aos restaurantes favoritos e ver os amigos e a família, embora mantendo o distanciamento social e usando máscaras de proteção facial.
No entanto, em países como EUA, Brasil e Índia, os casos de coronavírus ainda crescem e os decretos de lockdown podem ser restabelecidos.
Como os consumidores estão respondendo às incertezas em relação ao coronavírus? Talvez já seja possível realizar mais atividades fora de casa… mas será que as pessoas estão fazendo isso?
Uma história, duas atitudes
Na Criteo, realizamos uma pesquisa em meados de maio e ouvimos mais de 13.000 pessoas em todo o mundo submetidas a lockdown parcial ou total em algum momento durante o surto de coronavírus. Queríamos saber os novos comportamentos que essas pessoas adotaram durante a quarentena e quais atividades elas não viam a hora de retomar fora de casa.
Nossa pesquisa descobriu que, aproximadamente, metade (52%) dos consumidores estava gostando de ficar em casa durante a quarentena e queria continuar a fazê-lo. Porém, um número ainda maior de consumidores disse que se sentiria confortável para visitar parentes (64%) e retornar ao escritório (64%) até este mês. Compreensivelmente, menos consumidores disseram que se sentiriam confortáveis para comparecer a grandes eventos (21%) ou andar de avião (22%) neste momento.
Cada país está em uma fase diferente em relação à retomada econômica, e os comportamentos dos consumidores variam dependendo de onde vivem e de como foram afetados pela pandemia. Queríamos detalhar os resultados da nossa pesquisa por país para ver quais atividades os consumidores se sentem confortáveis para retomar com base no local onde vivem.
Neste artigo, examinamos as tendências globais em termos de atividades sociais, comércio e eventos, trabalho e escola e viagens:
Atividades sociais
No geral, os consumidores se sentem confortáveis para ver amigos e parentes pessoalmente. Até outubro, 83% das pessoas dizem que sairão com os amigos. Muitos governos estão permitindo pequenas reuniões com até 10 pessoas, contanto que todos pratiquem o distanciamento social e usem máscaras de proteção facial.
As pessoas na França querem ver os amigos
A França é o país onde as pessoas se sentem mais confortáveis para sair com os amigos neste mês (83%), e apenas 5% não pretendem fazer isso até novembro. A maioria das pessoas em países vizinhos, como Espanha (76%), Itália (72%) e Alemanha (71%), também diz que está pronta para sair com os amigos. As pessoas na Rússia, onde o lockdown parcial começou em março e já foi suspenso, também estão prontas para ver os amigos (74%).
Itália e Brasil querem voltar a namorar
Em nossa pesquisa, a vontade de namorar é mais forte na Itália e no Brasil, onde 75% e 71%, respectivamente, se sentem confortáveis para retomar os encontros neste mês. Esse número é surpreendente para o Brasil, onde os casos de coronavírus ainda estão crescendo.
Comércio e eventos
No mundo todo, os consumidores se sentem mais confortáveis para voltar a shopping centers (53%) e restaurantes (46%) neste mês. Até outubro, exatamente antes do tradicional período de alta do comércio, 77% dos consumidores dizem que irão às compras.
Por outro lado, a maioria das pessoas ainda evita eventos internos com muita gente. Poucas pessoas dizem que se sentem confortáveis para ir a boates (23%) ou a grandes eventos (21%) neste mês. Mesmo até novembro, metade (54%) da população mundial ainda não estará confortável para voltar a frequentar locais e eventos desse tipo.
Os consumidores na França, na Rússia e na Austrália estão prontos para comprar
Vemos diferentes níveis de confiança em relação a idas a shoppings por país. Na França, 89% dos consumidores disseram que, até outubro, se sentirão confortáveis para visitar lojas. Esse número cai em países onde os casos de coronavírus ainda vêm crescendo, como nos EUA (64%) e na Índia (58%).
Espanha e Japão querem voltar aos restaurantes preferidos
Os consumidores se sentem mais confortáveis para retornar a restaurantes do que a lojas. As pessoas na França (57%), na Espanha (56%) e no Japão (55%) são as mais ansiosas para voltar aos seus restaurantes favoritos neste mês, seguidas pelos consumidores da Rússia (53%) e da Alemanha (53%). A colocação de mesas externas, que tem virado hábito nos restaurantes, poderia acelerar essa tendência em muitos países.
Itália sente saudade dos bares
Curiosamente, o número de consumidores que deseja retornar aos bares difere do percentual daqueles que desejam retornar aos restaurantes. Por exemplo, as pessoas na Itália se sentem mais confortáveis para ir a um bar (70%) do que a um restaurante (49%) neste mês. No entanto, no Japão, apenas 21% se sentem confortáveis para ir a um bar, em contraste com 55% que se sentem confortáveis para ir a um restaurante.
Trabalho e escola
Escritórios e escolas têm em comum o fato de serem em locais fechados, onde dados oficiais mostram que o coronavírus dissemina-se mais facilmente. No entanto, 84% das pessoas pretendem retornar ao escritório até outubro. Os alunos não se sentem confortáveis para voltar às aulas até outubro (74%), e os pais não se sentem confortáveis para enviar seus filhos à escola (73%).
França e Rússia querem voltar ao trabalho
Em países onde a disseminação do vírus foi contida, a maioria das pessoas se sente confortável para voltar ao trabalho. Até em um país como a Índia, onde há um forte código de ética no ambiente de trabalho, mas onde os casos de coronavírus ainda crescem, nossa pesquisa descobriu que 76% das pessoas pretendem voltar ao trabalho até outubro.
Viagens
Consumidores em todo o mundo estão fazendo viagens menores para compensar as restrições. Como 56% das pessoas não se sentem confortáveis para andar de avião até novembro ou mais, neste mês a tendência é de viagens bate e volta (53%) e escapadas de fim de semana (44%), em vez de viagens para locais distantes e por mais tempo. Aluguéis de casas e automóveis vêm crescendo perto de áreas urbanas, à medida que mais pessoas querem fugir do tumulto das cidades, nem que seja por alguns dias.
Viagens bate e volta são mais populares na França
A maioria das pessoas em todos os países da nossa pesquisa se sentirá confortável para viagens bate e volta até outubro. A França lidera nesse quesito, com 94%. Já no Japão, 64% das pessoas se sentirão confortáveis para viagens bate e volta até outubro, apesar do declínio nos casos de coronavírus. Acesso a carros é um fator decisivo para muitos consumidores quando decidem ir e voltar no mesmo dia.
Russos querem escapar no fim de semana
Escapadas de fim de semana são tão populares quanto as viagens de 1 dia em muitos países, como Brasil, Índia, Japão e Espanha. Compreensivelmente, as viagens de fim de semana são um pouco menos populares em lugares como Austrália, França, Coreia do Sul e EUA, já que os consumidores precisam encontrar acomodações onde se sintam seguros para passar algumas noites. Na Rússia, porém, quase 100% das pessoas dizem que se sentirão confortáveis para viajar nos finais de semana até outubro.
Moral da história para anunciantes
Não sabemos como será a próxima fase na crise do coronavírus, mas sabemos que os consumidores em todo o mundo vêm se sentindo confortáveis para retomar atividades, como ir às compras, jantar fora e viajar.
Os consumidores se sentem diferentes dependendo de onde vivem e de suas experiências pessoais durante a pandemia. E você quer que seus anúncios conversem com as preferências de cada um individualmente. Confira aqui algumas formas de garantir que sua publicidade seja relevante para cada consumidor:
- Use o poder do branding nos seus anúncios para colocar recomendações de produtos e ofertas no contexto certo. Use imagens e mensagens para mostrar o valor dos seus produtos enquanto os consumidores praticam o distanciamento social. Por exemplo, em vez de mostrar pessoas em shows apinhados de gente vestindo roupas da sua coleção, mostre amigos ao ar livre usando máscaras de proteção facial.
- Promova a reabertura da sua loja em anúncios. Sabemos que mais da metade dos consumidores está pronta para retornar às compras. Nos mercados onde as lojas serão reabertas, divulgue isso aos clientes segmentando audiências criadas a partir de dados de transações offline.
- Não empurre vendas antes que o consumidor mostre forte interesse. Marcas de viagem, por exemplo, precisam ser cautelosas sobre promoções para hotéis e bilhetes aéreos. É preciso que o consumidor esteja pronto. Use uma estratégia de publicidade full funnel, com uma determinada mensagem, para impactar consumidores que têm maior probabilidade de se interessar pela sua marca. E prepare outra campanha para impactar consumidores que estão pesquisando ativamente opções de viagem e estão prontos para comprar.